Retrospectivas do BLOG












Retrospectiva 2012
OBSUNI

BLOG
Foram publicados 44 textos no BLOG que, ao longo de um ano*, foram acessados em    125.215 sessões, sendo o máximo diário de 787 e a média diária de 341 sessões.
*de 15/12/2011 a 15/12/2012  fonte: Locaweb

Seleção de artigos por mês:

Janeiro:
O Modelo modela o quê?
Luis Paulo Vieira Braga

Nas ciências, em sua fase atual, o conceito de modelo vai muito além de representação da natureza ou da realidade, mesmo porque abrange  materiais ou processos que inexistem em estado natural. Também no campo das ciências humanas e sociais, até então voltado para a descrição e interpretação das ações individuais e coletivas, a abertura é para o além do humano. A notoriedade que a ciência adquiriu pode ser verificada pelo seu uso tanto em denominações religiosas (Christian Science, Scientology) como ideológicas (Socialismo Científico). No entanto, a compreensão do que seja ciência, do seu alcance e autonomia também mudou. Atracar o barco no porto da ciência pode não ser a melhor solução para quem se ilude com a sua suposta infalibilidade e  otimalidade, características que antes eram atribuídas ao soberano, ou ao papa. Verdade, realidade e racionalidade não são os parâmetros da ciência contemporânea, cada vez mais especializada, funcional e voltada para resultados imediatos. Se, por um lado, a mudança de paradigma deu mais agilidade ao processo de criação científica, por outro, colocou uma enorme responsabilidade para o gênero humano, pois o modelo não é mais uma descrição, agora o modelo modela.

Essa pequena introdução serve para colocar um elemento adicional na crítica ao processo de seleção e acesso ao ensino superior ENEM-SISU, introduzido pelo regime trabalhista que governa o país desde 2003. Na defesa do sistema tem-se alegado que as notas dos estudantes são calculadas pela Teoria da Resposta ao Item (TRI), uma teoria científica superior à teoria clássica baseada nas frequências de erros e acertos. Diante da dificuldade em entender como são calculadas as notas, a resposta dada por alguns especialistas é a de que se trata de um procedimento análogo ao de um exame médico, sobre o qual não é possível explicar a um leigo. A técnica garante, segundo eles, que as questões mais difíceis (para o grupo) são mais pontuadas, que a advinhação é sancionada, e ainda que provas diferentes podem ser equivalentes. Para aplicação dessa teoria há uma série de hipóteses que são feitas, no caso está se utilizando o modelo unidimensional, embora se acredite que seria melhor utilizar um modelo multidimensional, mas ainda não há condições de fazê-lo. Como qualquer teoria científica, a TRI está sujeita a reformulações, aperfeiçoamentos ou mesmo superação. Mas, se  modelo está sendo utilizado para melhor avaliar o real conhecimento dos candidatos, qual é a sua interferência no comportamento daqueles que supostamente avalia. Ou seja, em que medida o modelo avalia e modela. E se modela, modela o quê?

O MEC pretende que o ENEM seja a única e exclusiva forma de acesso ao ensino superior, modulado pelas políticas de compensação para pobres, negros, indígenas, etc., (embora se tenha notícia que também no ENEM foram introduzidos parâmetros exógenos às provas, como notas mínimas diferentes para candidatos especiais - com algum tipo de dificuldade - e convencionais). Ora, que tipo de aluno está sendo modelado, quando se exige que todos os candidatos prestem um único e exclusivo exame múltipla-escolha, com exatamente o mesmo programa (inclusive história e geografia) em todo o território nacional, no mesmo horário (13h no RJ correspondendo ao meio dia em PE) para ter acesso aos estudos superiores?


Fevereiro:
2012 e a aposentadoria do funcionário público
Luis Paulo Vieira Braga

Pode ainda não ser o fim do mundo, mas poderá ser o fim do regime especial de aposentadoria para o funcionário público federal que garante integralidade e paridade com o salário pago ao pessoal da ativa. O que se prevê, caso o projeto de lei 1.992/2007 seja aprovado na íntegra, é a substituição das cláusulas de integralidade e paridade pela isonomia com os trabalhadores do setor privado no tocante ao regime de aposentadoria geral(RGPS). O adicional sobre esse valor seria percebido em função das contribuições definidas a um fundo gerido pela Fundação da Previdência Complementar do Servidor Público Federal(FUNPRESP) cuja criação é prevista no PL.

A princípio, só seriam compulsoriamente enquadrados no novo regime os funcionários que ingressarem após a promulgação do PL. No entanto, prevê-se a possibilidade de adesão para todos aqueles que ingressaram no serviço público, cabendo nesse caso a migração das contribuições já feitas pelos funcionários e pelos empregadores oficiais segundo fórmulas específicas.

A FUNPRESP será a maior entidade fechada de previdência complementar do país, alavancando o setor financeiro em face dos investimentos que terá de fazer para capitalização das contribuições. A curto prazo a mudança representa uma sobrecarga nas contas da União, que deixará de receber a parte das contribuições dos funcionários que excedam o limite do RGPS, pagará a sua parte das contribuições à FUNPRESP e ainda deverá arcar com as aposentadorias e pensões dos funcionários que se aposentaram no regime anterior.

Os riscos para os funcionários também não são desprezíveis. O momento não poderia ser pior para o setor financeiro, responsabilizado pelas bolhas das hipotecas nos EUA e dos bonus na EUROPA, colocando em questão a substituição do regime de repartição(mais novos contribuem para os mais velhos) para o regime de capitalização(contas individuais de aplicação financeira).

Março:
Doutores Titulados Aquém das Necessidades do Brasil
Clóvis Pereira da Silva – UFPR
Neste texto abordaremos o problema que diz respeito ao número de doutores titulados anualmente em Matemática Pura, no Brasil, por meio de Programas de Pós-Graduação stricto sensu. Esse número tem sido, desde os anos de 1960, aquém das necessidades do país. O problema tem causado efeitos negativos para a nação.
Devemos ressaltar que existem grupos de pesquisas trabalhando de modo sério nas grandes áreas, subáreas e especialidades: Análise Matemática, Geometria Diferencial, Sistemas Dinâmicos, Álgebra (leia mais)

Abril:
Entrevista com o Professor Ebenezer Maurílio da Silva
OBSUNI

Prezado Professor Ebnezer Maurílio Nogueira da Silva,
Em nome do Projeto OBSUNI lamentamos que não tenha obtido o registro da sua candidatura, e a de seus colegas, para a diretoria do ANDES-SN, biênio 2012-21014. Habitualmente, o Projeto acompanha as eleições, encaminhando perguntas aos candidatos e divulgando posteriormente as respostas.
Apesar de não poder participar do pleito, encaminhamos as seguintes questões à sua chapa tentativa.
Professor Ebnezer: Prezado colega, tem uma frase conhecida nos EUA que é assim -It´s not over until the fat lady sings. Nós ainda temos a esperança que o juiz encarregado do assunto nos dê a liminar para que possamos concorrer ao pleito. Mas mesmo assim vamos às perguntas.
OBSUNI: 1. A discussão sobre o projeto de carreira docente vem se arrastando desde o ano passado, quais são as perspectivas? O projeto apresentado pelo ANDES-SN tem chance de ser aprovado?
Professor Ebnezer: Não acho que o projeto apresentado pelo Andes tenha muita chance se ser aceito. Não por que este seja ruim, mas apenas pela razão de ter  detrás uma direção enfraquecida e um sindicato desmobilizado. Culpa de uma direção que esta no poder há mais de 18 anos e não lida bem com a oposição, jogando-a nos braços DA concorrente Proifes.
OBSUNI: 2. Qual a sua opinião sobre o Fundo de Previdência do Funcionário Público?
Professor Ebnezer: Acho que este fundo vai ser um desastre pois foi feito pra não Dar certo. A ideia é não conceder aposentadoria integral para OS professores novos e pronto. Acho que qualquer um com um pouco de massa cinzenta se tiver a opção por deixar seu dinheirinho na mão de partidos políticos ou no banco de um desses banqueiros gananciosos vai acabar deixando com o banqueiro.
OBSUNI: 3. Você considera que o sistema atual de concursos para docentes nas IFES é adequado?
Professor Ebnezer: O problema ao meu ver não é o concurso mas sim pessoas habilitadas para o cargo. Com esta febre do Reuni várias universidades saíram contratando e fazendo concursos o mais rápido possível, mas se não havia vagas para universitários de onde apareceu então tanto professor? O que aconteceu é que para não se perder as vagas OS níveis foram abaixados e algumas pessoas que a dez anos não teriam condições de entrar em uma universidade agora Estão lá. Isso não quer dizer que OS novos professores são incompetentes mas que o mercado (universidades) correram para preencher suas vagas o mais rápido possível . O concurso em sí não mudaria o cenário.
OBSUNI: 4. Qual a sua opinião sobre o reingresso de professores aposentados nas IFES?
Professor Ebnezer: É interessante. Sou músico, toquei em uma orquestra profissional a OSPA por cinco anos e toquei mais dez anos nos estados unidos. Se VC perguntar a qualquer musico com quem ele gostaria de estudar a resposta vai ser a mesma, "Um daqueles cabeças brancas DA orquestra assim, assim". Lá fora o valor dado aos mais experientes é Grande. Só aqui no país DA juventude e de ignorantes é que não se DÁ o devido valor a alguém que ensinou e pesquisou. Nas universidades Americanas  fazem de tudo para que seu corpo docente fique mesmo que em residência pelo campus com todas as vantagens. Bem, eu sou a favor que nossos grandes professores continuem a nos ajudar pois são , teoricamente, OS mais bem qualificados nesta arte de ensinar e pesquisar.
OBSUNI: 5. Gostaria que opinasse sobre a necessidade de ser implantada nas IFES, no período que antecede eleição para os cargos de Reitor e de Vice-Reitor, a cultura para formação de um Comitê de Busca de candidatos com perfil  para os cargos mencionados.
Professor Ebnezer: Qual o perfil? Acho que quando falamos em universidades temos que ter em mente a questão regional. Um reitor para a UnB pode não servir para Viçosa ou para a Paraíba. O problema é que somos muito personalistas no Brasil. Votamos na pessoa e não no programa e é AÍ que a vaca vai pro brejo.
OBSUNI: 6. O REUNI está completando em Abril cinco anos. Qual a sua avaliação do impacto do REUNI, incluindo evasão escolar na graduação, qualidade do ensino, construção inconclusa de diversos campi, bolsas para a pós-graduação, etc. para o Ensino Superior?
Professor Ebnezer: Quando penso em ensino, penso em qualidade. Penso em um local onde VC vai gastar seus cinco ou seis anos para se formar em um curso de seus sonhos e que VC terá orgulho disso e vai dizer para seu filho " olha eu me formei na UnB". Este é meu pensamento. Acho que o Reuni aumentou o numero de professores, deu um dinheirão para as empreiteiras e enfiou um Monte de alunos nas universidades públicas. A questão a ser analisada é : e a qualidade? Vamos todos subir degraus nos ranques internacionais ou vamos descer?
OBSUNI: 7. O novo ENEM foi implantado pelo MEC em 2009. Como avalia seus resultados. A metodologia da TRI está devidamente esclarecida ao público? As correções das redações foram compatíveis com o que se pratica no ensino médio? Um programa único para todas as regiões do Brasil é aceitável?
Professor Ebnezer: Vc mesmo responde a pergunta. Um mesmo teste para um país com mais de 190 milhões de habitantes? Onde está o regionalismo? Onde estão as questões mais próximas de Casa? Falando com alguém aqui DA UnB que criou o CESP , uma coisa ficou Clara. Quando VC tem tanta gente fazendo o mesmo teste, todos acabam ficando na média.
OBSUNI: 8. O SISU foi implantado em Janeiro de 2010. Como avalia seus principios e resultados. Cursos de 3 anos, profissionalizantes, têm tido a preferência dos estudantes. O sistema também implementa diversas políticas de cotas.
Professor Ebnezer: Não tenho muitos dados para esta avaliação.
OBSUNI: 9. Você é favorável à extinção do atual sistema de cotas sociais para ingresso de alunos nas universidades públicas?
Professor Ebnezer: Como sou bisneto de escravo acho que posso falar um pouco sobre isso. Não acho que podemos utilizar o método Americano , como alguns querem, para solucionar nossas desigualdades. Ser de origem negra ou Índia no Brasil é diferente em qualquer estado. Ser Negro na Bahia é diferente de ser Negro no Rio Grande do Sul. Assim como ser índio em Manaus é diferente de ser índio em Santa Catarina. Tem lugares onde VC não encontraria negros suficiente para preencher as vagas assim como temos lugares onde não teríamos vagas suficientes para o numero de negros. O que deve balizar o sistema de cotas é : " Pelo seu fenótipo VC é discriminado onde vive?" E AÍ volto à autonomia de cada universidade para estabelecer cotas para sua população.
OBSUNI: 10. Gostaria que opinasse sobre a necessidade de extinção do PROUNI, com reversão para as IFES do montante praticado pelo  programa com renúncia fiscal  de tributos federais previstos pelo programa.
Professor Ebnezer: Não vejo razão para se acabar com o Prouni. Não temos vagas suficientes para a nossa população nas universidades federais. Temos universidades particulares com boa reputação e sérias. Temos também as de reputação duvidosa, mas cabe ao aluno decidir se quer ficar em uma universidade ruim ou não. Acho que a concorrência com universidades particulares é boa para a universidade pública. Entendo a questão do financiamento, mas estou certo que mesmo que o Prouni fosse extinto este dinheiro não viria para as universidades públicas.
OBSUNI: 11. Você considera que os sistemas atuais de bolsas de estudos para a graduação são adequados? Em caso contrário como opinaria sobre a criação de um sistema sério de bolsas de estudos para alunos dos cursos de graduação das universidades públicas.
Professor Ebnezer: Vou ser bem radical aqui. Acho que deveríamos ter nas universidades federais um sistema de trabalho ao invés de bolsas. Como Assim?? Acho que todo aluno deveria trabalhar em sua universidade nos mais diferentes níveis. Isso acontece em todas as universidades do mundo menos aqui. São poucos OS alunos que efetivamente trabalham em suas universidades. Muitos trabalham fora DA universidade para se manter e acabam por ter um desempenho inferior. Sou a favor de um programa que de possibilidades ao aluno trabalhar e se manter dentro DA universidade de forma digna.
OBSUNI12. Gostaria que opinasse sobre a necessidade de criação de um órgão decisório especial denominado Comissão de Avaliação de Graduação e de Instituições de Ensino Superior - CAGIES,vinculado ao Ministério da Educação - MEC, com sede e foro em Brasília, Distrito Federal, tendo por finalidade subsidiar o Ministério da Educação na formulação de políticas públicas para a área de graduação, coordenar o Sistema Nacional de Graduação – SNG, avaliar os cursos desse nível e as instituições de ensino superior.
Professor Ebnezer: Mais uma vez estamos aqui falando sobre tirar a autonomia das Universidades. Entendo que o Mec possa fazer suas metas e seus programas, mas isso de forma a ajudar as universidades e não ficar ditando regras a cada minuto. Temos reitores que quando o Mec diz pula ele só pergunte “Que altura?”.
OBSUNI: 13. Acha que a formação de professores é fundamental para a melhoria da educação em nosso país?
Professor Ebnezer: Acho importante, mas não é tudo. Que adiante Mandar o cara pra Harvard fazer doutorado se quando ele chegar aqui não tem nem computador na sala, ou laboratórios, ou biblioteca, ou mesmo um Restaurante Universitário pros alunos se alimentarem e poder prestar atenção nas aulas. De que adianta comprar equipamentos caros se não tem manutenção. Quando cheguei à UnB encontrei um colega que foi fazer doutorado na área de telefonia analógica, quando voltou já estávamos utilizando a digital, a formação é boa mas não é tudo.
OBSUNI: Suas considerações finais.
Professor Ebnezer: E por fim “Vc só gosta do que conhece e só conhece o que lhe for ensinado". Um abraço Ebnezer



Maio:
No país do racismo bonzinho e da exclusão social sem culpa
Leandro Nogueira

No Estado que se proclama como democrático, mas que abriga os institutos jurídicos do foro privilegiado e da imunidade parlamentar à serviço da impunidade dos políticos profissionais, acabam de serem consagradas mais duas pérolas em favor do obscurantismo, a saber: o racismo bonzinho e a exclusão social sem culpa.

O ocorrido em questão teve lugar no último dia 26 de abril, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu por unanimidade (10x0) que o sistema de cotas raciais para o ingresso nas universidades é constitucionalíssimo.

Mesmo que alguém compareça a esse debate com o “surrado” argumento de que segundo a Constituição  “ todos somos iguais perante a Lei “,  o discurso do ministro Luiz Fux  - aquele mesmo que votou derradeiramente contra a Ficha Limpa em 2010 – não deixa margem para qualquer dúvida: "É uma classificação racial benigna, que não se compara com a discriminação, pois visa fins sociais louváveis".

Noves fora a reconhecida improcedência científica do conceito de raça, vale lembrar que qualquer classificação racial pretensamente “benigna” ou compensatória, desemboca inevitavelmente na exclusão social e no jogo perverso que arremessa vítima contra vítima. Acreditar na existência do “racismo socialmente louvável”, é o mesmo que apostar no capitalismo que não visa a maximização/acumulação irrestrita e incessante do lucro, nos elevados propósitos políticos do chamado nacional-socialismo ou ainda na possibilidade de invenção da roda quadrada.

É portanto o caso de se perguntar qual será o eventual destino dos que serão excluídos racialmente da universidade pública brasileira: abandonar os estudos ou recorrer à universidade privada via Fies/ProUni? Tratados indiscriminadamente como privilegiados ou tributários históricos do escravagismo, esses estudantes e suas famílias serão alijados da universidade pública pelo mesmo sistema que subfinancia a educação no país, que produziu o apartheid educacional na escola pública e a reduziu literalmente à lixo para os mais pobres, inviabilizando-a há muito como espaço de trabalho decente para os professores e demais profissionais de educação.

Não por outra razão, estima-se o déficit de quase 400.000 professores na educação básica do sistema público, que no ensino médio acabou de bater  o lastimável recorde na taxa de reprovação estudantil, atingindo média de 13,1% em 2011, a mais alta já registrada desde 1999 pelo Inep. A solução final para os mantenedores desse apartheid é perpetuá-lo “benignamente” na universidade pública e através das cotas raciais, cujo sistema segundo o ministro Ricardo Lewandowski, cria um tratamento desigual com o objetivo de promover, no futuro, a igualdade.

O oportunismo dessa interpretação omite o fato de que o tratamento democraticamente desigual para os afetados pela iniquidade social, implica na ampliação dos mecanismos de inclusão para os historicamente excluídos, sendo incompatível por completo com a adoção de qualquer mecanismo de exclusão, sobretudo contra os segmentos sociais que não planejaram e muito menos foram beneficiados pela tragédia que acomete a educação brasileira.

Com efeito, o proselitismo inscrito na decisão unânime do STF remonta à lembrança do saudoso dramaturgo e tricolor de coração, Nelson Rodrigues, para quem “toda a unanimidade é burra”, ou ainda à recordação do Febeapá- o Festival de Besteiras que Assolam o País, expressão cunhada por outro ilustre torcedor do Fluminense F.C. , o jornalista Sérgio Porto, também conhecido pelo pseudônimo de Stanislau Ponte Preta.

Mas a instituição das cotas raciais nas universidades públicas brasileiras bem como o atual estágio da política de ações afirmativas no Brasil, estarão também entre os temas que serão debatidos no seminário nacional que o ANDES-SN vai promover nos dias 30 e 31 de maio, na Universidade de São Paulo. O tema central do seminário,  “Ações afirmativas e a transversalidade do gênero, etnia e classe”,  deverá  reunir intelectuais de todo o Brasil. A oportunidade desse debate pode ser mais significativa do que de costume, promovendo a reflexão que reafirme o compromisso histórico do ANDES-SN com a universidade pública para todos e de qualidade socialmente referenciada ou, sendo vergada a entidade à lógica que produziu a unanimidade do STF, o que por conseguinte resultará no compromisso por uma universidade pública racialmente referenciada e que consequentemente não será para todos.

Junho:
As 100 Melhores Universidades Jovens da Terra e o Contexto Brasileiro
Clóvis Pereira – UFPR

            Recentemente a instituição Times Higher Education – THE divulgou um ranking com as 100 melhores Universidades Jovens do mundo. Isto é, instituições de ensino superior com menos de 50 anos de idade.
Chama a atenção da comunidade acadêmica brasileira o fato de que dentre as várias instituições brasileiras, públicas e privadas, nessa faixa de idade, somente duas Universidades foram incluídas no ranking, a Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP classificada em 44º lugar, e a Universidade Estadual Paulista - UNESP classificada em 99º lugar. Ambas, instituições públicas. Na classificação geral instituições de países como Cingapura e Turquia ficaram em posições melhores que as duas instituições brasileiras.
A Coréia do Sul ficou com o 1º e 5º lugares, respectivamente, com a Universidade de Ciência e Tecnologia Pohang e o Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Korea.
            Este novo ranking do THE usou 13 critérios que incluem o número de alunos por professor, investimento financeiro em pesquisas, total de docentes da instituição, a qualificação dos docentes, total de alunos estrangeiros na instituição, total de publicações em revistas científicas.
No contexto do Sistema Paulista de Ensino Superior consideramos normal e, poderia ter sido melhor o desempenho, que essas duas Universidades públicas tenham sido classificadas entre as 100 melhores jovens Universidades. Sabemos que seus criadores, homens cultos e bem informados, dotaram suas criações de instrumentos legais que estimulariam seus florescimentos em busca da excelente qualidade. Por exemplo, o zelo na escolha de seus corpos docentes.

            Quando introduzimos esses resultados para o contexto das Universidades públicas brasileiras não nos causa surpresa o pífio desempenho dessas instituições, na faixa etária supracitada, pelo fato de que há vários anos as administrações federais esforçam-se por destruir a qualidade do Sistema Nacional de Graduação – SNG, que atualmente é de má qualidade.
            No que diz respeito às Instituições brasileiras de ensino superior privadas classificadas na faixa etária do ranking, também não nos causa surpresa a não inclusão de nenhuma delas, pelo simples fato de que seus proprietários buscam apenas o lucro com a venda do produto o diploma, de má qualidade.
Se traduzirmos estes resultados para o Estado do Paraná que possui 7 Universidades Estaduais, sendo que as mais antigas foram criadas entre os anos de 1969 e 1970, portanto com menos de 50 anos de idade, então nos vem o sentimento de vergonha pelo fato de que o rico, pujante e próspero Estado do Paraná não possui nenhuma universidade incluída no ranking supracitado.
Quais as causas do efeito que vivenciamos em relação à ausência de bom ou excelente desempenho das Universidades estaduais no contexto nacional e internacional?
A resposta óbvia está na má qualidade dos gestores do Sistema Estadual de Ensino Superior. Os fatos atuais são esclarecedores e, o pífio desempenho atual do Sistema Estadual de Ensino Superior - SEES reflete a ausência de atos e ações passados por parte daqueles gestores.
Foram no passado e continuam sendo nos dias atuais, os gestores da administração central do Estado, incluindo os diversos responsáveis pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - SETI e os diversos Reitores das Universidades Estaduais que não criaram ou não propuseram projetos e/ou planos com o propósito de contribuir para o avanço do desenvolvimento científico e tecnológico do Paraná. Para a melhoria de desempenho do SEES.
 Que não propuseram planos com o fito de projetar uma visão de futuro, isto é, elaborar um planejamento estratégico para o bom desempenho, em longo prazo, do Sistema Estadual de Ensino Superior - SEES e, em particular, para o bom desempenho do Sistema de Pós-Graduação e Pesquisa do Estado do Paraná.
            E ainda, que não construíram instrumentos legais para as Universidades públicas com o escopo de contribuir para que o Estado do Paraná adquirisse competências em algumas selecionadas áreas, subáreas e especialidades das ciências e da tecnologia. Por exemplo, o zelo na escolha de seus corpos docentes.
Temos, há alguns anos, alertado (Cf. nossos artigos intitulados: O Sistema Estadual de Ensino Superior do Paraná; O Desempenho do Sistema de Pós-Graduação e Pesquisa do Estado do Paraná; Bolsas de Estudos para o Paraná; Plano de Capacitação Docente para o Sistema Estadual de Ensino Superior do Paraná) os gestores do Sistema Estadual de Ensino Superior para a convergência em futuro próximo, de acúmulo de resultados negativos e vergonhosos para o Paraná, levando-se em conta a ausência de planos, projetos, ações e metas bem orientadas sobre a criação e uso do conhecimento científico e tecnológico de ponta. Sobre a melhoria do desempenho do Sistema Estadual de Ensino Superior e do Sistema de Pós-Graduação e Pesquisa do Paraná.
 Sugerimos, a este respeito, aos gestores do Sistema Estadual de Ensino Superior a leitura de textos sobre a Singularity University, situada no Vale do Silício, Califórnia, USA. Esta instituição tem como objetivo preparar a próxima geração de líderes para utilizar tecnologias exponenciais para enfrentar os grandes desafios da humanidade.
Lembramos dois desses grandes desafios, não triviais, que são: a falta mundial de água potável. Este problema já atinge mais de 150 países. Ele afeta seres humanos, seres não humanos, agricultura etc.; a compreensão e reconhecimento das oportunidades e das influências da tecnologia na medicina.
Mais uma vez instamos os gestores do Estado do Paraná a abrirem as mentes e os olhos, bem como a se acercarem de assessores competentes e do “ramo”. O Paraná brada por um Sistema Estadual de Ensino Superior e por um Sistema Estadual de Pós-Graduação e Pesquisa de excelente qualidade. Lembramos que neste particular estamos perdendo para os outros Estados da Região Sul.

Julho:
Sobre a greve
Rui Cerqueira*

Os professores universidades federais estão em greve há quase dois meses quando escrevo. Quais são as reivindicações? Aumento de salário, nova carreira e condições de trabalho.
Começando pela ultima não há como negar que, novamente, o governo fez promessas e não cumpriu. O REUNI iria dar os recursos para a expansão pedida pelo governo assim como contratar o pessoal necessário. Não o fez. No entanto boa parte das condições de trabalho dependem só da administração da universidade. Por exemplo, banheiros em quantidade insuficiente e sujos não é um problema do MEC...

Todas as greves desde 1980 sempre tem esta reivindicação vaga “melhores condições de trabalho”. Só que quando se consegue a reajuste salarial ou a greve se esgota, as tais “condições de trabalho” são esquecidas. Até a próxima greve.

A ANDES e o PROINFES assinaram um acordo ano passado com o governo aceitando a incorporação das gratificações e um aumento de 4%. E ficaram de discutir a carreira depois. Uma medida provisória do governo deu o 4% e incorporou as gratificações (mais ou menos...). Na medida provisória tinha a absurda redução dos adicionais de periculosidade e insalubridade. Note-se que são adicionais conquistados pelos trabalhadores há dezenas de anos. Mais um retrocesso, entre muitos, de um governo de um partido dito “dos trabalhadores”.

 Então o governo cumpriu o acordo, atrasado, mas cumpriu. Com a retirada dos adicionais um número grande de professores tiveram seus vencimentos reduzidos depois do “aumento”. Só que, posso estar enganado, a greve não é por isto Então porque a greve? Afinal o mau acordo foi feito pelos dois sindicatos.

Um deles, a ANDES convocou a greve. O outro, uma criação do PCdoB, não. Ambos falam em carreira. A carreira atual é uma das mais esdrúxulas do mundo. Todas as universidades em todos os países tem uma carreira similar. Começa-se como Assistente, Lecturer, os nomes variam. Passa-se para Associado ou Reader ou Adjunto ou adjunct. E existe uma categoria a parte, o Professor Titular, o Professor. Podem existir um ou dois níveis a mais. Mas não mais. A nossa, como resultado da greve de 1980, passou a ter 13 níveis. Depois de cada greve penduricalhos de nomes diversos, sempre gratificações, foram adicionadas. E, finalmente, foram criados mais quatro níveis, são então 17 níveis.

Em qualquer carreira em qualquer lugar do planeta nem todos seguem até seu topo. Mas o que se pede agora? Bem, voltarmos a 13 níveis e os professores do ensino fundamental e médio estariam na mesma carreira que os docentes das universidades. Outra coisa que se pede é a promoção automática, um trem da alegria permanente aonde todos chegam ao topo apenas por tempo de serviço.

Um pressuposto básico da democracia é que não se podem tratar desiguais como iguais nem iguais como desiguais. Ter uma carreira única quebra isto. A promoção automática também é, ipso facto, também antidemocrática.

As condições de trabalho das universidades não são atraentes. Para começar as instalações, a falta de apoio nas atividades-fim, pois que as atividades-meio são precárias. Além disto, hoje para começar a carreira alguém tem que ter o doutorado, já é uma pessoa em torno dos 30 anos, madura. E começa ganhando pouco e não vai muito longe. Na UFRJ o princípio é a dedicação exclusiva. Então, se alguém optar por ser docente vai ganhar pouco. E aposentar-se pelo sistema equivalente ao do INSS. Havia, até o governo tucano, uma gratificação por ano de serviço. Liberais achavam isto um absurdo. Mas liberais sempre acham absurdo remunerar o trabalho. Engraçado porque foi um liberal que estabeleceu que a riqueza era criada pelo trabalho. E o valor do produzido corresponderia ao trabalho realizado. Smith dizia que o tempo que se leva aprendendo também é trabalho. Então, liberalmente neste caso, pessoas que trabalham há mais tempo produzem mais valor do que iniciantes. Não é o que eu “acho”. É o que Smith dizia. Os (neo)liberais não “acham”. Mas isso é outra discussão. Então porque não restabelecer o anuênio, quinquênio, tanto faz. Isto acaba de ser proposto no parlamento, mas só para as “carreiras de estado”, quer dizer, para os “gestores”. Não seria nossa carreira tipicamente de estado? Não é a universidade moderna um dos fundamentos de uma nação estado? Bem, os sindicatos nem pensam nisto, caso da ANDES. O PROIFES, braço do PCdoB e, portanto, uma organização não independente não vai fazer isto, pois desagradaria ao governo do qual faz parte.

Outra característica da carreira pretendida pela ANDES é a manutenção da gratificação por titulação. Quer dizer, ao invés de acabar com os penduricalhos, manter-se-ia a prática. E se eles acabam com adicionais podem mesmo a qualquer momento, para agradar ao “mercado”, cortar qualquer gratificação. Então o mais razoável seria uma carreira mais curta com dois ou três níveis mais a classe de titular, promoção por mérito e anuênios ou quinquênios. A gratificação por titulação seria incorporada aos salários de todos a cada nível, quer dizer, a de mestrado aos salários dos assistentes e a de doutorado aos salários dos adjuntos, associados e titulares. Aparentemente o governo deve voltar atrás nos adicionais de insalubridade e periculosidade, havendo proposta no congresso neste sentido.

E poderia ser aceito o bem pequeno reajuste concedido este ano. Desde que um aumento que, pelo menos, levasse em conta a inflação fosse concedido para o ano que vem.
Mas quem apoia a greve? Começo tentando ver que categorias, ou classes ou grupos, de professores vemos nas universidades. A lista não é exaustiva e, provavelmente não muito boa, mas dá para começar o raciocínio. Professores há que usam a universidade para “contatos”, usam o prestígio para atrair clientes, consultas, consultorias e obtenção de cargos de confiança. E isto é o que mais importa. Para eles bons salários são bons, nenhum dinheiro extra se despreza. Mas sua renda vem destes “extras”. Renda extra com frequência muitas vezes maior que nossos salários.

Um segundo grupo é variado. Comporta os chamados “professores de corredor”, ou aqueles que por 20, 30, 40 anos pouco ou nada produziram, deram as mesmas aulas, em geral ruins. Muitos são ressentidos com seus colegas mais trabalhadores ou competentes ou inteligentes que tem por isto mais brilho. Pode-se chamar este conjunto de “baixo clero”. Mas é um grupo muito heterogêneo.

Outra classe é a dos docentes no início da carreira. Ainda não estão claramente em nenhuma das classes dos mais antigos. Sentem que talvez tenham feito uma escolha de carreira errada, tendem a se valorizar, são todos doutores e se ressentem, com razão, do que ganham e de como são tratados.

Outro grupo também variado é o daqueles que pensam que a universidade é um lugar de produção e difusão de conhecimento. Que ela é importante para a nação. E que querem bons salários, boas condições de trabalho, enfim, como os no início de carreira, querem ser respeitados.

O movimento sindical docente já foi unitário. Hoje ele tem como base principalmente o segundo grupo, com algum apoio dos mais jovens. Digo isto como hipótese de regra geral. E a greve tem mais entusiastas entre estes. Os do primeiro grupo “não estão nem aí”. E os últimos, me parecem, pensam como eu.

Resumindo, não estou em greve, pois que não vejo justeza no movimento. Meu trabalho é prejudicado igual já que muitos alunos estão em greve em solidariedade. Se prosseguisse com as atividades de ensino normalmente os que se declaram em greve seriam prejudicados. Seria uma perseguição. Talvez por já ser velho ainda acho que princípios são importantes. E um princípio de direito humano básico é o direito de greve. Perseguir alguém, não importa de que forma, por exercer ou não tal direito não é moralmente válido. Mas que as mudanças que proponho acho deveriam ser discutidas Tanto para sairmos do impasse em que estamos como para conseguir restaurar o movimento sindical docente.
*Departamento de Ecologia
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Agosto:
Porque não pensar é prejudicial à academia*
Luis Paulo Vieira Braga
Dentre os muitos textos contra o projeto do ANDES-SN, o artigo da profa. R.C.S. da UNIFESP, publicado no site do PROIFES, vem sendo divulgado como uma referência de bom senso e juízo para a classe docente às voltas com uma das mais longas greves desde 2001. A professora inicia com uma declaração de que tudo fará contra a tese da unicidade da carreira docente pois seria danosa à universidade brasileira, apesar dos professores do ensino básico e tecnológico federal (EBT) gostarem da opção.

Sem me ater a corporativismos em favor dos professores universitários ou dos professores do EBT, o que me faz simpatizar com o projeto é a valorização da carreira aonde ela se faz mais necessária nesse momento – exatamente no ensino básico e tecnológico – de nada adianta qualificar professores, distribuir computadores, construir escolas se os salários continuarem tão desafados. Se queremos pessoal docente de qualidade no ensino básico a remuneração precisa ser muito maior do que é atualmente. Um bom passo é a equiparação com os docentes do ensino superior federal, o que necessariamente pressionaria os setores estadual e privado a fazerem o mesmo para não perderem bons quadros. Já para a professora é absurdo dois professores com a mesma  titulação e o mesmo tempo de serviço ganharem o mesmo salário, desde que um trabalhe em um colégio e o outro em uma universidade...Como evidência favorável a essa posição apresenta a carreira universitária como uma verdadeira provação, na qual ensinar é o último cravo pregado no professor - Sabemos que a carreira acadêmica é permeada por uma competição internacional. É necessário publicar, participar ou organizar congressos nacionais e internacionais, orientar teses, participar da extensão, ter envolvimento institucional além de ministrar as aulas-.  No entanto, omite a remuneração adicional das bolsas de pesquisa, das consultorias em projetos, dos estágios no exterior, das passagens e diárias que tornam a carreira mais atrativa.

Em um caso hipotético a docente  apresenta duas trajetórias no contexto da proposta do ANDES, ao final das quais o professor do EBT ganharia mais do que o professor universitário. Ocorre que no exemplo o professor universitário passou sete anos investindo em sua carreira, parte dela provavelmente fora do país, custeado com recursos públicos, enquanto que o outro passou sete anos no exercício de uma profissão altamente estressante. Em face dos benefícios extra-orçamentários que  professores pós-doutorados necessariamente usufruem a vantagem salarial do EBT se diluiria rapidamente. No exemplo extremo da professora não se considerou ainda  uma posição intermediária na qual um professor universitário usualmente consegue afastamento remunerado para se titular, acumulando portanto tempo de serviço.

Continuando com tintas fortes, a professora pinta um quadro dramático para a ciência brasileira, se a proposta for adotada professores talentosos abandonarão a universidade em busca de carreiras mais promissoras. Mas isso já vem ocorrendo há muito tempo. As universidades (federais, estaduais e privadas) estão em crise, se não houver uma reformulação de sua estrutura e funcionamento essa situação só vai piorar. Os doze anos de governo petista passaram ao lardo dessa questão, preferindo medidas isoladas, sem considerar os impactos sobre o sistema como um todo. Os efeitos estão por toda a parte – infraestrutura precária, evasão, retenção, desmotivação, etc. Achar que a carreira única será responsável pelo fim da universidade é o mesmo que achar que o último a acender a lâmpada é o responsável pelo apagão que se sucedeu.

A proposta do PROIFES é um arremedo de carreira, não se sustentará por mais que um par de anos. E o hiato entre o ensino médio e o universitário continuará a ser escondido por medidas protelatórias como cotas, ENEM-SISU, BI´s e assim por diante.

*Comentário ao texto: Por que a Carreira Docente Unificada da ANDES é prejudicial às Universidades e à Ciência Brasileira?



Setembro:

UFRJ – ESCOLA POLITÉCNICA – ENGENHARIA DE PRODUÇÃO – INTERCÂMBIO DE ALUNOS DE GRADUAÇÃO NO EXTERIOR*
Ismael Soares (UFRJ)
O presente trabalho resume uma pesquisa realizada em 2011 com alunos e ex-alunos do Curso de Engenharia de Produção da POLI/UFRJ, que realizaram intercâmbio no exterior, através de convênios de cooperação acadêmica que a UFRJ assinou com diversas universidades ou grupos de universidades, através do SCRI – Setor de Convênios e Relações Internacionais da UFRJ, da Reitoria, e da CRI – Coordenação de Relações Internacionais, da Escola Politécnica/UFRJ.(leia mais)



Outubro:

Paradigmas Governamentais para as universidades federais
Luis Paulo Vieira Braga
Tenho dois motivos para publicar esse texto: um é o apelo de um colega que ouviu minha intervenção no Workshop 3 do II Encontro de Educação Tutorial, realizado recentemente na COPPE-UFRJ, pela Sociedade Brasileira de Educação Tutorial; o segundo é a perplexidade de outro colega em relação à Lei das Cotas.

Novembro:

Os estudantes invisíveis: sobre o destino dos excluídos das universidades públicas federais pelo regime de exceção das cotas raciais
Leandro Nogueira
Imposto o regime das cotas sobre a autonomia cada vez mais vilipendiada das universidades federais - agora racialmente referenciadas  -  e chancelado inclusive pelo ministro do STF, Luiz Fux, cujo discurso o qualificou como “classificação racial benigna , que não se compara com a discriminação, pois visa fins sociais louváveis" (sic!), o que em tese legitima ‘o racismo bonzinho” ou “socialmente louvável”, cabe perguntar já que não somos mais oficialmente “iguais perante a Lei“, qual será o destino dos excluídos estudantes não-cotistas. Noves fora a reconhecida improcedência científica do conceito de raça, vale lembrar ainda, que qualquer classificação racial pretensamente “benigna” ou “compensatória”, desemboca inevitavelmente na exclusão social e no jogo perverso que arremessa vítima contra vítima, o esquema típico das formas mais explícitas de racismo.
Nesse sentido é o caso de se perguntar qual será o eventual destino dos estudantes que serão excluídos racialmente da universidade pública brasileira: abandonar os estudos ou recorrer à universidade privada via Fies/ProUni? Tornados invisíveis e tratados indiscriminadamente como privilegiados ou tributários históricos do escravagismo, esses estudantes e suas famílias serão alijados das universidades públicas federais, pelo mesmo sistema que subfinancia a educação no país, que produziu o apartheid educacional nas escolas públicas e que as reduziu literalmente à lixo para os alunos mais pobres, em sua maioria esmagadora composta por afrodescendentes e indígenas,inviabilizando-a há muito como espaço de trabalho decente para os professores e demais profissionais de educação. 
Como a invisibilidade social constitui tácito testemunho de desprezo público, nesse caso legitimado pela insensata unanimidade de uma Suprema Corte que ignorou a Constituição, a autonomia universitária e ainda entronizou o racismo no ensino superior público  a partir de uma versão supostamente “light,”  torna-se  crucial perguntar sobre o destino de todos os estudantes que serão expulsos das universidades públicas federais.

Como acreditar na existência do “racismo socialmente louvável”, equivale ao mesmo que apostar no capitalismo que não visa a maximização/acumulação irrestrita e incessante do lucro, nos elevados propósitos políticos do chamado nacional-socialismo, ou ainda na possibilidade de invenção da roda quadrada, o questionamento em tela remete tão somente ao futuro da própria (e frágil!) democracia verde-amarela, cada vez mais assaltada pelos berros demagógicos dos corporativismos e milícias que encontram-se confortavelmente abrigados no interior dos incontáveis partidos políticos do país e nas milhares de organizações que espertamente se declaram como “não-governamentais”  ou  de “interesse público”.

TWITTER
A conta OBSUNI tem mais de 300 seguidores no Brasil e exterior. Uma seleção de seguidores institucionais** destacou o seguinte:
**Pesquisa realizada em 20/12/2012
Instituições de Ensino Superior
UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora; INSA – Instituto Nacional do Semi-Àrido; IFRN – Instituto Federal do Rio Grande do Norte; IFRJ/CEFETQ – CEFET Química; UTAD e-learning – Universidade Trás os Montes e-learning; IFS – Instituto Federal de Sergipe; Weizmann Institute USA; PUC-RJ – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; IF Roraima – Instituto Federal de Roraima; HUCFF-UFRJ – Hospital Clementino Fraga Filho; UCB – Universidade Católica de Brasília; UNIP-EAD – Universidade Paulista EAD; IMICRO-UFRJ – Instituto de Microbiologia UFRJ; DAINFUTFPR – Departamento de Informática da Univ.Tec.Federal do Paraná.

Associações Docentes
ADUFABC – Docentes da Univ. Federal do ABC; PROIFES; SINDUFAP – Docentes da Univ. Federal do Amapá; ADUFMAT – Docentes da Univ. Federal do Mato Grosso; ADUFEPE – Docentes da Univ. Federal de Pernambuco; APUB – Docentes da Univ. Federal da Bahia; APUFPR – Docentes da Univ. Federal do Paraná; ADUERN – Docentes da Univ. Estadual do Rio Grande do Norte; ADUFF – Docentes da Univ. Federal Fluminense; ADUFRJ – Docentes da Univ. Federal do Rio de Janeiro, APRUMA – Docentes da Univ. Federal do Maranhão.

Organizações
Biotech Research; Fundação Iberê Camargo; CIEE-ES (Integração Empresa Escola Espírito Santo); Research Corporation for Science Advancement; Technion Society; Biblioteca Virtual FAPESP; FASUBRA; ABMES – Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior; MDIC – Ministério da Indústria e Comércio; MASP – Museu de Arte de São Paulo; Jesuit Alumni; Instituto Weizmann; FAO; PLIF – Portal dos alunos dos IFETs; Prefeitura de Recife.

Midia
TV Brasil; The International; TV UERJ(Univ.EstadoRiodeJaneiro); Rádio UFG(Univ.Fed.Goiás); NatGeoBrasil (National Geographic); Free Press; PET-RTV-UNESP (grupo PET de Rádio e TV); CULL TV; El Universal (Venezuela); TV IFPB (Inst.Federal Paraíba); TV Senado; TV PUC-SP; Science News; Folha de São Paulo; Jornal do Brasil; Estadão; Revista Época; Agência Senado; Revista Saúde; TV UFRGS.

RÁDIO OBSUNI
Grade de programação inclui entrevistas, palestras, cursos e muito mais. De 15/12/2011 a 15/12/2012 a rádio teve 1.192 ouvintes***.
***Fonte: Maxsite

YOU TUBE
O Projeto tem um canal no You Tube – observatorio da universidade – aonde estão disponíveis 138 vídeos, sendo que 44 foram produzidos em 2012. Nos últimos 365 dias houve 33.100 visualizações****.

**** Fonte: Google Analytics




CURSOS A DISTÂNCIA
Geostatistics curso introdutório em inglês composto por 10 minivídeos, disponível no canal Observatorio da Universidade no You Tube.
Mineração de Dados curso a distância utilizando a plataforma moodle e o ambiente Second Life. Uma nova turma será oferecida em Janeiro de 2013.

EVENTOS

COMENTÁRIOS FINAIS
O Projeto cresceu significativamente nos diferentes canais aonde atua. Considerando que a audiência é fruto da opção livre dos internautas, os níveis atingidos demonstram que há espaço na rede para a temática do OBSUNI. Em 2013 o Projeto vai estreiar no celular, uma página específica para esse meio está sendo desenvolvida. Não se pode desprezar a importância dos celulares na difusão da informação e na sensibilização do público para o conteúdo do Observatório.
Desejamos a nossos usuários uma gratificante confraternização de Natal e um exitoso 2013.


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