A experiência da UFABC e o REUNI
Nesta Quinta-feira última, dia 23 de Agosto, o Professor Luiz Bevilacqua, Reitor da Universidade Federal do ABC apresentou uma palestra sobre o projeto da universidade (http://www.ufabc.edu.br) e a sua situação atual. Iniciou sua exposição esclarecendo que o projeto de criação da UFABC antecede em muito o REUNI e o PDE, tendo sido aprovado no Congresso em 2004 e sancionado pelo Presidente da República em 2005. As deliberações iniciais sobre sua implementação evoluíram desde um novo campus da Universidade Federal Paulista, ou ainda uma nova universidade que seria tutorada, por um período, pela Universidade Federal de São Carlos, até a forma mais inovadora que está posta em prática.
A Universidade está organizada por Centros: Centro de Ciências Naturais e Humanas; Centro Matemática, Computação e Centro de Cognição e Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas e não tem nem departamentos, nem unidades. As disciplinas, assim como os cursos e professores pertencem aos Centros. Há cursos de graduação e pós-graduação. Todo o aluno, após prestar vestibular, ingressa no ciclo básico do Centro de opção, logrando, caso seja aprovado, um bacharelado em Ciências ao final de três anos. A partir daí pode pleitear a entrada em um bacharelado profissional, em uma licenciatura, ou em curso de pós-graduação ou ainda ir para o mercado de trabalho.
A UFABC conta atualmente com 106 professores doutores e 1000 alunos de sua primeira turma, cujo número inicial era de 1500 alunos ! O professor Bevilacqua rejeitou os parâmetros do REUNI para a relação professor aluno, assim como a taxa de redução da evasão. A meta principal, segundo ele, é prover um ensino básico de qualidade e duradouro, preparando o aluno para cursos profissionais mais inovadores tais como – Engenharia Ambiental e Urbana, Aeroespacial, Bioengenharia, Gestão e também para uma carreira de pesquisador, a necessária elite para o país, segundo o Reitor da UFABC.
Na suas relações com a comunidade e a indústria, a UFABC vem preencher uma demanda por vagas no ensino superior atendida, até então, por instituições particulares. Houve resistências ao projeto inovador para os parâmetros da região – apontando para uma universidade profissionalizante. E, por parte das indústrias, nem sempre há receptividade ao perfil do profissional a ser formado – engenheiro com perfil de pesquisador, ao invés de um engenheiro de chão de fábrica.
A experiência em andamento é muito válida e demonstra pelos percalços encontrados que ainda passará por muitas reformulações. Demonstra também que não é por decreto que se deve alterar de uma hora para outra a estrutura vigente das atuais IFES. Os dirigentes da UFRJ – Reitor, Pró-Reitores, Decanos e Diretores tornam-se cúmplices de um projeto que é populista para os jovens e autoritário para os professores que não estão tendo sua voz ouvida. Ao impor um calendário estreito e um processo inviável de participação da comunidade universitária, nossos dirigentes estão se curvando à agenda política de um governo em desespero. Serão co-responsáveis pelo apagão das universidades federais.
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