Contra-cheque do futuro
Desde novembro do ano passado os docentes das IFES vivem a beira de um ataque de nervos por causa das indefinições que cercam o projeto salarial do governo. Após meses de conversações, o governo bateu o martelo com a Central Única! dos Trabalhadores (CUT) e a facção PROIFES. Naquela ocasião foi anunciado mais "um nunca na história deste país" os professores receberiam tão bem. Até seria verdade se não fosse o detalhe de que o aumento seria diluído ao longo de três incertos anos. Incerteza comprovada na derrubada da famigerada cpmf que serviu de falso pretexto para que o governo suspendesse os compromissos assumidos. Compromissos que não eram nenhuma das sete maravilhas salariais do mundo moderno, pelo contrário, a cada conquista correspondia um retrocesso. Incorporava-se a GAE porém desincorporava-se o adicional por titulação. Aumentava-se o vencimento básico no primeiro ano, mas congelava-o nos anos seguintes. Dava-se paridade entre ativos e aposentados, contudo aumentava-se a distorção da malha salarial, criando-se "steps" demasiadamente elevados sem aparente justificativa racional, como, por exemplo, aquele existente entre Adjunto IV e Associado I. Ou ainda, na total falta de proporcionalidade entre os regimes de 20h e 40h, tornando a hora do professor 40h mais barata do que a do professor 20h, independentemente da "produtividade" de um, ou de outro... Ou seja, uma visão mais radical ainda de quebra de isonomia, do que aquela praticada pela Secretária de Educação do Estado de São Paulo.
O ano novo começou cercado de mistério sobre o futuro salarial dos funcionários públicos e também de muitos itens do orçamento. Entretanto, se o governo desejava levar adiante o projeto do REUNI, não poderia ignorar as necessidades salariais daqueles que seriam seus principais protagonistas – os professores. Assim nesta Quinta-feira última, 13 de março, o circo midiático governamental brindou a academia com um mimo irrecusável – dinheiro. Dinheiro para o REUNI, para os salários, enfim, tudo aquilo que havia sumido com a cpmf, voltou com juros turcos para a promoção da justiça e solidariedade. Entretanto, o docente que procurasse se informar nos sítios oficiais do Ministério do Planejamento ou da Educação nada encontraria (consulta dia 14 de março às 21h) . No sítio do ANDES se depararia com a nota de que solicitação de informação feita ao governo fora negada sob o pretexto de que o ANDES não havia participado da negociação e portanto não merecia ser informado...
Só restava uma alternativa – o sítio da facção ! E lá estavam as tabelas de um anexo de um ofício do MPOG de 6 de março de 2008 para o regime DE. Não foi possível encontrar as tabelas para os regimes de 20 e 40 horas (consulta dia 14 de março às 21h). O texto que acompanha as mesmas informa que a GAE não será mais incorporada em 2008, mas somente em 2009. A tabela apresenta somente a remuneração final que coincide com a remuneração final das tabelas de novembro de 2007. Porém, diferentemente daquelas, não detalha a composição da remuneração, isto é, vencimento básico, gae, ged, etc..., o que impede que os professores calculem quanto vão ganhar de fato. Por exemplo, se o vencimento básico não aumentar, a GAE também não aumenta, tampouco as receitas provenientes de causas salariais ganhas. Assim, um professor adjunto IV, DE, com doutorado, que tem 26,05% , mais 3,17%, terá como único aumento bruto, o reajuste da GED, que dá o módico valor de R$ 863,23 ! O que vai dar para esta categoria um aumento inferior a 10% para o ano de 2008. Este é o resultado da participação ativa e propositiva da CUT e do PROIFES na defesa dos companheiros adjunto IV. Na proposta de novembro de 2007, pelo menos no primeiro dos três anos o vencimento básico aumentava. No caso dos adjuntos IV, DE, com doutorado, de R$ 1.376,11 para R$ 2.505,17. Puxando assim um aumento ainda maior dos vencimentos via os percentuais mencionados acima.
Não somos loucos a ponto de rasgarmos dinheiro, nem tampouco tolos para considerarmos esta proposta benéfica para a categoria. Entretanto, temos um trunfo que não tínhamos no passado – o REUNI. Uma universidade do futuro não é possível com contracheques do passado, as negociações salariais precisam ser retomadas com o conjunto completo dos representantes dos docentes das IFES.
3 comentários:
O Proifes é nosso representante! Chega de Andes, que não representa mais ninguém!
Caros colegas,
Como Presidente do PROIFES, peço-lhes o obséquio de publicar os esclarecimentos que a seguir faço, de modo a que os leitores desse blog possam ser devidamente informados sobre as negociações da recente campanha salarial dos docentes das IFES.
Em primeiro lugar, o PROIFES não é uma 'facção', e sim uma entidade nacional representativa dos professores das IFES. Tem sede em Brasília e reúne hoje mais de 20.000 docentes de 35 IFES. No processo de consulta que resultou na assinatura do Termo de Acordo do Ensino Superior o PROIFES ouviu mais de 4.000 professores em todo o país, não só através de consultas eletrônicas como através de votações em urna, assembléias gerais, etc. Vale a pena informar que, para não assinar o mesmo documento, a ANDES consultou 445 em assembléias gerais, várias delas controvertidas, realizadas por suas ADs (dados obtidos da página dessa entidade).
Em segundo lugar, o autor do artigo 'Vazamento' de tabelas parece desconhecer os seguintes fatos básicos:
1) As negociações entre Governo (MEC e MPOG) e entidades representativas dos professores (PROIFES, ANDES e SINASEFE) começaram em agosto de 2007, e terminaram, respectivamente, em 05 de dezembro de 2007 (Ensino Superior), com assinatura de Termo de Acordo entre o Governo, PROIFES e CUT; e em 20 de março de 2008, com assinatura de Termo de Acordo entre Governo, PROIFES, CUT e, posteriormente (04 de abril) SINASEFE.
2) A ANDES não assinou nenhum dos dois Termos de Acordo;
3) Como conseqüência, as entidades credenciadas a publicar informações sobre os Termos de Acordo assinados por elas e respectivas tabelas são: em relação ao Ensino Superior, o PROIFES; e em relação ao Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, o PROIFES e o SINASEFE.
Portanto, informo-os que as TABELAS publicadas nas páginas do PROIFES (Ensino Superior) e nas páginas do PROIFES e SINASEFE (Ensino Básico, Técnico e Tecnológico) são as pactuadas entre essas entidades e o Governo, daí decorrendo que o termo 'Vazamento' só pode ser usado por alguém que desconhece a realidade ou pretende deformá-la.
Em terceiro e último lugar, sugiro aos leitores desse blog a leitura do Boletim 12 do PROIFES (ver página da entidade, www.proifes.org.br), em que todo o processo de negociação (tanto do Ensino Superior quanto do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico) está cuidadosa e fielmente detalhado. Apenso ao Boletim 12 citado estão as tabelas finais, que deverão ser publicadas em instrumento legal a ser publicado pelo Governo, de acordo com os compromissos assumidos nos Termos de Acordo assinados.
Atenciosamente,
Professor Dr.Gil Vicente Reis de Figueiredo,
Universidade Federal de São Carlos, SP.
Presidente do PROIFES.
Caros colegas,
Como Presidente do PROIFES, peço-lhes o obséquio de publicar os esclarecimentos que a seguir faço, de modo a que os leitores desse blog possam ser devidamente informados sobre as negociações da recente campanha salarial dos docentes das IFES.
Em primeiro lugar, o PROIFES não é uma 'facção', e sim uma entidade nacional representativa dos professores das IFES. Tem sede em Brasília e reúne hoje mais de 20.000 docentes de 35 IFES. No processo de consulta que resultou na assinatura do Termo de Acordo o PROIFES ouviu mais de 4.000 professores em todo o país, não só através de consultas eletrônicas como através de votações em urna, assembléias gerais, etc. Vale a pena informar que, para não assinar o mesmo documento, a ANDES consultou 445 em assembléias gerais realizadas por suas ADs (dados obtidos da página dessa entidade).
Em segundo lugar, o autor do artigo 'Vazamento' de tabelas parece desconhecer os seguintes fatos básicos:
1) As negociações entre Governo (MEC e MPOG) e entidades representativas dos professores (PROIFES, ANDES e SINASEFE) começaram em agosto de 2007, e terminaram, respectivamente, em 05 de dezembro de 2007 (Ensino Superior), com assinatura de Termo de Acordo entre o Governo, PROIFES e CUT; e em 20 de março de 2008, com assinatura de Termo de Acordo entre Governo, PROIFES, CUT e, posteriormente (04 de abril) SINASEFE.
2) A ANDES não assinou nenhum dos dois Termos de Acordo;
3) Como conseqüência, as entidades credenciadas a publicar informações sobre os Termos de Acordo assinados por elas e respectivas tabelas são: em relação ao Ensino Superior, o PROIFES; e em relação ao Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, o PROIFES e o SINASEFE.
Portanto, informo-os que as TABELAS publicadas nas páginas do PROIFES (Ensino Superior) e nas páginas do PROIFES e SINASEFE (Ensino Básico, Técnico e Tecnológico) são as pactuadas entre essas entidades e o Governo, daí decorrendo que o termo 'Vazamento' só pode ser usado por alguém que desconhece a realidade ou que pretende deformá-la.
Em terceiro e último lugar, sugiro aos leitores desse blog a leitura do Boletim 12 do PROIFES (ver página da entidade, www.proifes.org.br), em que todo o processo de negociação (tanto do Ensino Superior quanto do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico) está cuidadosa e fielmente detalhado. Apenso ao Boletim 12 citado estão as tabelas finais, que deverão ser publicadas em instrumento legal a ser publicado pelo Governo, de acordo com os compromissos assumidos nos Termos de Acordo assinados.
Atenciosamente,
Professor Dr.Gil Vicente Reis de Figueiredo,
Universidade Federal de São Carlos, SP.
Presidente do PROIFES.
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