quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Vale Quanto Pesa

...
Quanto você ganha pra me enganar
Quanto você paga pra me ver sofrer
E quanto você força pra me derreter
...
Luiz Melodia

Na década de sessenta havia o sabonete Vale quanto Pesa, muito popular, que caiu no esquecimento, ou jamais foi conhecido pelas novas gerações. O professor, em geral, e o universitário, em particular, também se esqueceu de quanto vale. Os mais novos, então, nem sabem o que é isso...

Entre o débito das contas ao final do mês e a ação em prol da melhoria do salário, parece haver um hiato que impede qualquer movimento. Esse hiato, porém, não é vazio. É pleno de subterfúgios, que vão desde a omissão, a uma carreira paralela, muitas vezes, dentro da própria instituição. Neste mercado persa em que se tornaram as negociações salariais, vale de tudo para conseguir um aumento de salário, não importa se pela via da gratificação, vantagem pessoal ou duplicação de matrícula. Os princípios, segundo um dos líderes dos novos lobos sindicalistas, andam de mãos dadas com o holerith.

Como sempre pode ficar pior, de uns tempos para cá, o governo federal vem lançando mão de uma esperteza de vendedor de carnet do baú da felicidade – o aumento futuro. Assim os números que enchem os olhos dos mais afoitos nas propostas do MPOG são uma meta para 2010! Em época de empréstimos consignados, em parcelas a perder de vista, pode ser uma alternativa...

Tal qual Austin Powers a GED foi descongelada e trazida de volta ao convívio com os demais itens do contracheque, de onde nunca saiu nominalmente. A generosidade, entretanto, desta vez, vai depender mais da instituição do que do docente., porque em seu cálculo, 80% serão devidos à produtividade da instituição. O que faz pensar, àqueles que pensam, e não aqueles que tramam, que REUNI e salários estão se dando as mãos.

A boa nova da incorporação da GAE, anunciada pelos pastores da proposta, é conjurada pelos céticos que observam o movimento contrário da desincorporação da titulação do vencimento básico. Ameaçada de se tornar gratificação fixa, sujeita aos humores do MPOG e do MEC, a titulação deixaria de ter o papel estruturador da carreira docente que tem hoje. Nada mais conveniente, se a idéia é precarizar o trabalho docente. Titulação para quê ?

Os aposentados, quem diria, passaram a ser cortejados por todos. O governo lhes promete um aumento porcentual na GED que tende assintoticamente a 100%, em digamos, 50 anos... Enfim, os aposentados vão ao paraíso. Os novos lobos que, no passado, rosnavam para os seus ex-colegas, agora também lhes estendem as mãos. Talvez tenham compreendido que as bolsas de produtividade, ou os ganhos de projeto, não se mantem após a aposentadoria. Mas eles não bebem na fonte da eterna juventude, que sempre jorra do poder constituído ?

Mais uma vez as negociações salariais não são negociações, mas um jogo de cena, em que o poder executivo exerce um ritual de despotencialização da categoria docente e de suas entidades representativas de fato. Jogando umas contra as outras, ao se recusar a tratar conjuntamente as reivindicações dos docentes dos colégios de aplicação das IFES e dos seus demais docentes. E, também, ao favorecer um grupamento de docentes que pretende ser representativo da categoria de uma universidade que ainda não existe – a da IFES pós-reforma universitária, moldada pela pressão da OMC e pelas organizações internacionais voltadas para a venda de serviços de educação.

O holerith poderá até ficar maior, sempre fica, mas o docente que o recebe diminui muito mais...

3 comentários:

Prof. Ribas disse...

Segundo o jornal O Globo de hoje o Governo Lula já autorizou o estudo para reajuste de soldo dos militares para torna-lo compatível com os salários de determinadas carreiras de servidores públicos civis. E tem mais. O CNJ autorizou pagamento de gratificação retroativa a magistratura federal superando o teto de ganhos dos Ministros do STF. Cada magistrado ganhará de forma parcelada atrasados na faixa entre 90 a 150 mil. Estou em pleno feriado corrigindo provas para ganhar esse maravilhoso salário de nossa ufrj. José Ribas Vieira Direito

Prof. Ribas disse...

Segundo o jornal O Globo de hoje o Governo Lula já autorizou o estudo para reajuste de soldo dos militares para torna-lo compatível com os salários de determinadas carreiras de servidores públicos civis. E tem mais. O CNJ autorizou pagamento de gratificação retroativa a magistratura federal superando o teto de ganhos dos Ministros do STF. Cada magistrado ganhará de forma parcelada atrasados na faixa entre 90 a 150 mil. Estou em pleno feriado corrigindo provas para ganhar esse maravilhoso salário de nossa ufrj. José Ribas Vieira Direito

Leandro Nogueira disse...

Enquanto isso, um patrulheiro da polícia rodoviária federal, em início de carreira, percebe vencimentos brutos de R$ 5084,00. Nada contra a dignidade salarial dos policiais.
Mas e os professores das universidades federais? Eles não têm direito aos vencimentos dignos?