segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A vítima que é cúmplice

A vítima que é cúmplice

Em uma carta aberta o Decano do CCJE pouco contribui para o restabelecimento da normalidade de relações entre os diversos segmentos da universidade. Prefere, ao invés, tecer difamações contra a Associação de Docentes, na pessoa de seus diretores, baseado mais em presunções do que evidências. Já no primeiro parágrafo de seu vaticínio, atribui aos dirigentes da ADUFRJ cumplicidade e tolerância para os atos perpretados no interior do auditório quando diz: “É escandaloso que professores de certa idade, ou melhor, de qualquer idade, como os que ora dirigem a ADUFRJ venham considerar aceitáveis as reações fascistas daqueles arrivistas que lá estavam. Eu gravei boa parte da agressão e também da manifestação. Agrediram dois decanos e empurraram o reitor e a vice-reitora contra a parede, além de terem ameaçado vários conselheiros.” Lendo a nota da ADUFRJ, não há em nenhuma linha apoio às ações de agressão que ocorreram, diga-se de passagem, da parte, tanto de pessoas favoráveis como contrárias ao PRE. É importante não confundir a expectativa de que a frustração diante da intransigência da Reitoria poderia ensejar reações exacerbadas, com o apoio às mesmas. Surpreendentemente o texto do Olhar Virtual é muito mais equilibrado, o relato dos confrontos é apresentado da seguinte forma: “ Estudantes vinculados a diversas correntes do movimento estudantil compareceram à sessão. Alguns deles, integrantes da Coordenação Nacional de Lutas dos Estudantes (Conlute), tentaram impedir que o Consuni deliberasse sobre a matéria. Com encenações teatrais e palavras de ordem eles interromperam as intervenções da mesa e as de conselheiros até o momento em que invadiram o palco do auditório, no qual estavam os membros do colegiado. Houve embates corporais entre esses discentes, representantes da União Nacional dos Estudantes (Une) e outros estudantes, presentes ao encontro para manifestar apoio ao PRE/UFRJ.”
Em seguida, o Decano, contrariando a sua profissão de fé democrática, refere- se da seguinte maneira à proposta de plebiscito para decidir sobre a matéria: “Não me venham, tampouco, com a história de plebiscito. Em primeiro lugar, porque, ao contrário do Conselho Universitário, onde há representantes externos da sociedade que nos paga, no plebiscito, a menos que definamos que público votante é toda a população da Zona Metropolitana do Rio de Janeiro ou um universo assim, não haverá esta representação para um projeto que, afinal, mexe com a vida de toda a cidade e devia ser por ela apreciado. Logo o plebiscito interno é menos democrático que o Consuni, que tem representantes de ex-alunos, da prefeitura e do governo do estado, logo, representantes das instituições democráticas da população que nos paga.” No entanto, na hora de eleger o reitor e os Decanos, o prof. Alcino não se lembra de chamar a população que nos paga. E será que esta população se sente representada com apenas dois ou três membros, dentre eles o prof. Erickson, diretor da Poli, que representa os ex-alunos ? Na hora que precisam de nossos votos enquanto “população” universitária nos adulam, na hora em que queremos valer nossas opiniões, acusam-nos de elitistas.
Finalmente, o missivista revela sua meta : “O que eu não aceito é que um sindicato justifique a bestialidade, a barbárie e a intimidação. Ao contrario, deveriam nos acompanhar no pedido de punição exemplar que dirijo aos meus companheiros e ao Magnifico Reitor. Que todos os responsáveis por este lamentável episódio sejam punidos! Se forem nossos alunos, servidores tecnico-administrativos em educação ou docentes, que sejam submetidos ao Código Disciplinar, obviamente cercados do direito de ampla defesa. Se forem alunos, servidores tecnico-administrativos em educação ou docentes de outras universidades que seja encaminhado oficio a elas pedindo a abertura de sindicancia lá. Se forem alienigenas ao nosso meio que sejam encaminhadas cópias da gravação da TV universitária ao Ministério Público e/ou à Policia Federal para as devidas providencias! ” Ou seja um amplo inquérito policial administrativo sobre a Reunião do Conselho Universitário do dia 18 de outubro. Ora, se os fatos foram tão graves assim, como pode-se pretender que houve normalidade na aprovação do PRE ? Ou seja, na hora de fazer calar a oposição, inquérito neles, na hora de se questionar a legalidade da deliberação, tudo normal ! Aliás é assim que o texto do Olhar Virtual encerra a cobertura da reunião: “Como a maior parte dos conselheiros votou favoravelmente à resolução do PRE/UFRJ, o prof. Aloísio declarou aprovado o documento e encerrou a sessão.” Temos, portanto, um caso de uma vítima que é cúmplice, geme no IML e faz um “grand jeté” no palco !

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