GRADUAR OU DIPLOMAR?
Abraham Zakon (EQ)
José Henrique Erthal Sanglard (EP)
Leandro Nogueira Filho (EEFD)
Luís Paulo Vieira Braga (IM)
Luiz Eduardo Carvalho (FF)
Maria Aparecida da Silva (FL)
A RETÓRICA DOS DEFENSORES DO “BACHARELADO INTERDISCIPLINAR”
“Bacharéis de Coisa Nenhuma” serão os egressos da “Universidade Nova”, que incluirá um ciclo básico de três anos em “Bacharelados Interdisciplinares (BI)”, desprovidos de qualquer formação profissional específica. Além dos danos diretos aos alunos, essa nova modalidade poderá acarretar o inchamento das universidades públicas e o conseqüente represamento de estudantes dentro destas, se persistirem as deficiências do ensino básico vigente. Por outro lado, equivale a oferecer ao povo brasileiro um atestado de óbito – não-declarado explicitamente – do curso colegial, isto é, do ensino médio ou secundário, e a evadir-se da cobrança por sua melhoria.
Apregoado como reflexo de uma ilusória autonomia universitária, o “projeto Universidade Nova” poderá ser usado por alguns reitores para trocar mais vagas por verbas do governo federal ou captar empréstimos internacionais que costumam sustentar as políticas da educação. Sabe-se que “o Banco Mundial prestará assistência aos países para criar uma variedade mais ampla de instituições de educação superior e de sistemas de instrução com o fim de oferecer maiores oportunidades educacionais ao crescente número de egressos da escola pública, especialmente os setores mais pobres” [1]. É o que deixa entrever o comentário do Prof. Aloísio Teixeira, Reitor da UFRJ: “... verificamos a existência de um paralelismo grande entre o que falamos e a intenção de transformar a universidade brasileira num ambiente mais democrático, capaz de receber um contingente maior de jovens” [2].
Tentativas similares de criação de novos diplomas ocorreram, nos anos ’60, com o surgimento dos chamados “engenheiros operacionais”, categoria extinta após oito anos de existência por ação dos Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura (cf. Jornal da ADUFRJ, 04/08/2003). Nos anos ‘90, foram ressuscitados sob a denominação de “tecnólogos”, que passou a abranger outras áreas além das Engenharias.
Veiculado como novidade e usando o nome de um grande educador brasileiro como atestado de boas intenções e de credibilidade, o projeto “Universidade Nova" imita o que já foi feito, no âmbito acadêmico, em alguns países latino-americanos. Mas por que os ditos "bacharelados interdisciplinares" já não foram implantados experimentalmente na UFBA? E por que precisam do endosso de outros reitores?
AS UNIVERSIDADES CONSAGRADAS SÃO ELITISTAS PORQUE GRADUAM
Quem questiona o BI vem sendo rotulado de “elitista”. Mas, as universidades nasceram elitistas para formar, nas variadas áreas do saber (artística, científica, tecnológica), profissionais com qualificação destacada, capazes de gerir os grandes, médios e pequenos interesses dos diversos setores de uma nação.
De forma não declarada, mas cada vez mais explícita, nas duas últimas décadas os gestores federais executaram projetos de incentivo ao aumento da produção de matérias-primas naturais para fins de exportação, visando produzir saldos na balança comercial e quitar dívidas antigas. Diante da oferta excessiva e crescente de mão-de-obra barata (ou desqualificada), incentivaram projetos educacionais para formação de tecnólogos e de modelos ralos de universidade para as massas.
Os cursos de curta duração para diplomar “engenheiros operacionais”, “tecnólogos” e “bacharéis interdisciplinares” nivelam para baixo os padrões educacionais do ensino superior no Brasil, que já adquiriu qualificações acadêmicas de excelência para desenvolver e executar projetos em diversas áreas do conhecimento. E em decorrência disso, predominará a reserva de domínio das altas tecnologias para os países do hemisfério norte.
Os cursos de curta duração — pela pequenez induzida — incorporam o despreparo científico (observacional e analítico) para a compreensão dos fenômenos naturais, industriais e sócio-econômicos. A inclusão das disciplinas eletivas de artes e línguas é ilusória. Os reflexos dessa mutilação educacional ocorrerão dentro da universidade e no convívio familiar e profissional de cada jovem. Se a universidade não tem promovido essa formação observacional e analítica nos primeiros anos é porque, em alguns casos, no lugar de algumas antigas equipes de docentes (selecionados e chefiados por catedráticos) surgiram novos professores (concursados ou substitutos) que se individualizaram dentro do sistema departamental aparentemente “democrático”.
O “BACHARELADO INTERDISCIPLINAR” EM OUTROS PAÍSES
O modelo do “Bacharelado Interdisciplinar (BI)” já existe, sob a denominação de "Estudos Gerais", em universidades hispano-americanas e em algumas instituições nos Estados Unidos. Exposto ao público acadêmico da UFRJ na Aula Magna de 14 de março de 2007 [2], o projeto “Universidade Nova” mantém estreita semelhança com o “Programa de Bachillerato en Educación General (PBEG)” implantado pela unidade Río Piedras da Universidade de Porto Rico, tanto na definição da proposta — estimular e fomentar "un plan de estudios dirigidos a proveer una educación universitaria interdisciplinaria e integrada de excelencia", estabelecendo "retos, programas y experiencias que propician el desarrollo de las destrezas de redacción, investigación y razonamiento en los/las estudiantes desde la óptica y filosofía de la educación general” — como nas metas a serem alcançadas: "Ofrecer una oportunidad de preparación subgraduada de carácter interdisciplinario a los estudiantes que desean proseguir estudios profesionales posteriores al Bachillerato" [3].
Os principais pontos comuns entre os dois projetos são: 1º - Os estudantes ainda sem escolha vocacional definida serão o público alvo, o que determinaria a criação de um programa acadêmico calcado na flexibilidade, com escolha de disciplinas "eletivas"; 2º - A integração geral do saber. Será mera coincidência? [4]
A resposta a esta pergunta encontra-se em La Enseñanza Superior: Las Lecciones Derivadas De La Experiencia, documento apresentado pelo Banco Mundial como resultado de estudos sobre as condições do ensino superior nos países em desenvolvimento, no qual se reconhece a educação de terceiro grau como o espaço de transmissão e geração de conhecimentos, de criação e exercício de capacitações técnicas de alto nível [5]. Não obstante, e fiel aos objetivos do estudo realizado — estabelecer metas de “aprimoramento” que devem ser adotadas para obtenção de financiamento internacional —, o documento em questão tende a enfatizar alternativas que permitam aos gestores (governo e dirigentes institucionais) adequar este nível de formação acadêmica ao quadro de redução dos investimentos na educação. Portanto, não é surpresa encontrar semelhanças entre projetos de “renovação” do ensino universitário no contexto latino-americano. Todos têm, como respaldo, a mesma cartilha.
Questiona-se a validade do ensino pautado em modelos tradicionais “defasados”, como o da universidade européia, “con su estructura de programas en un solo nivel”, que demonstrou ser “costoso y poco apropriado en el mundo en desarollo” [5]. E propõe-se, como solução imediata, a maior “diferenciación en la enseñanza superior, o el desarrollo de instituciones no universitarias y el fomento de establecimientos privados”, a fim de satisfazer a crescente demanda social da educação pós-secundária.
O documento do Banco Mundial sugere gerar custos mais baixos, facilitar a manutenção financeira empresarial e tornar os sistemas de nível superior mais atraentes — “más sensibles a las necesidades del mercado laboral” — pela diversificação da oferta de formação acadêmica de terceiro grau. Propõe a criação de instituições não-universitárias (institutos politécnicos, profissionalizantes ou técnicos que fornecem ciclos curtos de habilitação e treinamento) nos moldes dos community colleges, institutos de estudos pós-secundários com oferta de dois anos de ensino acadêmico ou profissional. Papel preponderante nesse processo seria desempenhado, igualmente, pelos programas de ensino à distância.
CONCLUSÕES
As universidades vêm sendo expostas na mídia como a solução messiânica para pobres e excluídos conquistarem o direito de viver no paraíso. A idéia de conquistar um diploma superior nas universidades particulares está sendo vetada pelo seu alto custo operacional.
Existe uma massa descomunal de jovens egressos do ensino secundário que é eliminada todos os anos nos vestibulares. Será que os elaboradores do projeto “Universidade Nova” estão pensando justamente em direcionar esses cursos "interdisciplinares" para diplomar turmas de office boys / girls adequados para serviços secundários? Uma boa formação técnica (ou colegial) não capacitaria mão de obra qualificada para atuar nesses serviços de forma eficiente?
A solução do “bacharelado interdisciplinar” apresenta-se como um novo produto populista: o estudante não se forma em nada, não arruma emprego na profissão escolhida... mas ao menos é um sujeito de "nível superior". Cursos sem metas de capacitação definidas, concebidos para difundir uma formação periférica, não serão a panacéia para a tão alardeada “crise” do ensino superior. Não se pode confundir universidade com centro de treinamento e de adestramento rápido. Não podemos compactuar com os oportunistas de plantão, que tentam criar shopping centers, feiras e camelódromos de cursos, diplomas e certificados, aparentemente de nível superior.
Projetos como o da “Universidade Nova” não fazem mais do que utilizar as universidades públicas para oferecer atividades de ensino não-universitário com diplomação de ensino superior e trocar vagas por mais verbas ou financiamentos bancários. Sua rejeição se faz necessária.
_____________________________________
EQ – Escola de Química
EP – Escola Politécnica
EEFD – Escola de Educação Física e Desportos
IM – Instituto de Matemática
FF – Faculdade de Farmácia
FL – Faculdade de Letras
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[1] CAPES. Anais da Conferência Mundial do Ensino Superior, Paris, 8-9 out. 1998. In: Universidade e Sociedade, XVI (39), Fev. 2007, p.84
[2] http://olharvirtual.ufrj.br/2006/index.php?id_edicao=150
[3] http://generales.uprrp.edu/bachillerato/programa_baeg.html
[4] http://www.pucp.edu.pe/estudios_generales/letras/
http://www.qcc.edu/images/4114_spanish_gen_studies.pdf
http://www.puc.cl/dara/registro/estudios/estgrales.html
http://www.uned.ac.cr/sociales/programas/00.html
http://www.usb.ve/estudiar/pregrado.html
http://www.iupuc.edu/academics/programs/generalstudies.asp
http://www.uchile.cl/uchile.portal?_nfpb=true&_pageLabel=conUrl&url=6831
[5] GRUPO BANCO MUNDIAL. La Enseñanza Superior: las lecciones derivadas de la experiencia Washington: Banco Internacional de Reconstrucción y Fomento, 1995. 115 p. (El Desarrollo En La Práctica)
Abraham Zakon (EQ)
José Henrique Erthal Sanglard (EP)
Leandro Nogueira Filho (EEFD)
Luís Paulo Vieira Braga (IM)
Luiz Eduardo Carvalho (FF)
Maria Aparecida da Silva (FL)
A RETÓRICA DOS DEFENSORES DO “BACHARELADO INTERDISCIPLINAR”
“Bacharéis de Coisa Nenhuma” serão os egressos da “Universidade Nova”, que incluirá um ciclo básico de três anos em “Bacharelados Interdisciplinares (BI)”, desprovidos de qualquer formação profissional específica. Além dos danos diretos aos alunos, essa nova modalidade poderá acarretar o inchamento das universidades públicas e o conseqüente represamento de estudantes dentro destas, se persistirem as deficiências do ensino básico vigente. Por outro lado, equivale a oferecer ao povo brasileiro um atestado de óbito – não-declarado explicitamente – do curso colegial, isto é, do ensino médio ou secundário, e a evadir-se da cobrança por sua melhoria.
Apregoado como reflexo de uma ilusória autonomia universitária, o “projeto Universidade Nova” poderá ser usado por alguns reitores para trocar mais vagas por verbas do governo federal ou captar empréstimos internacionais que costumam sustentar as políticas da educação. Sabe-se que “o Banco Mundial prestará assistência aos países para criar uma variedade mais ampla de instituições de educação superior e de sistemas de instrução com o fim de oferecer maiores oportunidades educacionais ao crescente número de egressos da escola pública, especialmente os setores mais pobres” [1]. É o que deixa entrever o comentário do Prof. Aloísio Teixeira, Reitor da UFRJ: “... verificamos a existência de um paralelismo grande entre o que falamos e a intenção de transformar a universidade brasileira num ambiente mais democrático, capaz de receber um contingente maior de jovens” [2].
Tentativas similares de criação de novos diplomas ocorreram, nos anos ’60, com o surgimento dos chamados “engenheiros operacionais”, categoria extinta após oito anos de existência por ação dos Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura (cf. Jornal da ADUFRJ, 04/08/2003). Nos anos ‘90, foram ressuscitados sob a denominação de “tecnólogos”, que passou a abranger outras áreas além das Engenharias.
Veiculado como novidade e usando o nome de um grande educador brasileiro como atestado de boas intenções e de credibilidade, o projeto “Universidade Nova" imita o que já foi feito, no âmbito acadêmico, em alguns países latino-americanos. Mas por que os ditos "bacharelados interdisciplinares" já não foram implantados experimentalmente na UFBA? E por que precisam do endosso de outros reitores?
AS UNIVERSIDADES CONSAGRADAS SÃO ELITISTAS PORQUE GRADUAM
Quem questiona o BI vem sendo rotulado de “elitista”. Mas, as universidades nasceram elitistas para formar, nas variadas áreas do saber (artística, científica, tecnológica), profissionais com qualificação destacada, capazes de gerir os grandes, médios e pequenos interesses dos diversos setores de uma nação.
De forma não declarada, mas cada vez mais explícita, nas duas últimas décadas os gestores federais executaram projetos de incentivo ao aumento da produção de matérias-primas naturais para fins de exportação, visando produzir saldos na balança comercial e quitar dívidas antigas. Diante da oferta excessiva e crescente de mão-de-obra barata (ou desqualificada), incentivaram projetos educacionais para formação de tecnólogos e de modelos ralos de universidade para as massas.
Os cursos de curta duração para diplomar “engenheiros operacionais”, “tecnólogos” e “bacharéis interdisciplinares” nivelam para baixo os padrões educacionais do ensino superior no Brasil, que já adquiriu qualificações acadêmicas de excelência para desenvolver e executar projetos em diversas áreas do conhecimento. E em decorrência disso, predominará a reserva de domínio das altas tecnologias para os países do hemisfério norte.
Os cursos de curta duração — pela pequenez induzida — incorporam o despreparo científico (observacional e analítico) para a compreensão dos fenômenos naturais, industriais e sócio-econômicos. A inclusão das disciplinas eletivas de artes e línguas é ilusória. Os reflexos dessa mutilação educacional ocorrerão dentro da universidade e no convívio familiar e profissional de cada jovem. Se a universidade não tem promovido essa formação observacional e analítica nos primeiros anos é porque, em alguns casos, no lugar de algumas antigas equipes de docentes (selecionados e chefiados por catedráticos) surgiram novos professores (concursados ou substitutos) que se individualizaram dentro do sistema departamental aparentemente “democrático”.
O “BACHARELADO INTERDISCIPLINAR” EM OUTROS PAÍSES
O modelo do “Bacharelado Interdisciplinar (BI)” já existe, sob a denominação de "Estudos Gerais", em universidades hispano-americanas e em algumas instituições nos Estados Unidos. Exposto ao público acadêmico da UFRJ na Aula Magna de 14 de março de 2007 [2], o projeto “Universidade Nova” mantém estreita semelhança com o “Programa de Bachillerato en Educación General (PBEG)” implantado pela unidade Río Piedras da Universidade de Porto Rico, tanto na definição da proposta — estimular e fomentar "un plan de estudios dirigidos a proveer una educación universitaria interdisciplinaria e integrada de excelencia", estabelecendo "retos, programas y experiencias que propician el desarrollo de las destrezas de redacción, investigación y razonamiento en los/las estudiantes desde la óptica y filosofía de la educación general” — como nas metas a serem alcançadas: "Ofrecer una oportunidad de preparación subgraduada de carácter interdisciplinario a los estudiantes que desean proseguir estudios profesionales posteriores al Bachillerato" [3].
Os principais pontos comuns entre os dois projetos são: 1º - Os estudantes ainda sem escolha vocacional definida serão o público alvo, o que determinaria a criação de um programa acadêmico calcado na flexibilidade, com escolha de disciplinas "eletivas"; 2º - A integração geral do saber. Será mera coincidência? [4]
A resposta a esta pergunta encontra-se em La Enseñanza Superior: Las Lecciones Derivadas De La Experiencia, documento apresentado pelo Banco Mundial como resultado de estudos sobre as condições do ensino superior nos países em desenvolvimento, no qual se reconhece a educação de terceiro grau como o espaço de transmissão e geração de conhecimentos, de criação e exercício de capacitações técnicas de alto nível [5]. Não obstante, e fiel aos objetivos do estudo realizado — estabelecer metas de “aprimoramento” que devem ser adotadas para obtenção de financiamento internacional —, o documento em questão tende a enfatizar alternativas que permitam aos gestores (governo e dirigentes institucionais) adequar este nível de formação acadêmica ao quadro de redução dos investimentos na educação. Portanto, não é surpresa encontrar semelhanças entre projetos de “renovação” do ensino universitário no contexto latino-americano. Todos têm, como respaldo, a mesma cartilha.
Questiona-se a validade do ensino pautado em modelos tradicionais “defasados”, como o da universidade européia, “con su estructura de programas en un solo nivel”, que demonstrou ser “costoso y poco apropriado en el mundo en desarollo” [5]. E propõe-se, como solução imediata, a maior “diferenciación en la enseñanza superior, o el desarrollo de instituciones no universitarias y el fomento de establecimientos privados”, a fim de satisfazer a crescente demanda social da educação pós-secundária.
O documento do Banco Mundial sugere gerar custos mais baixos, facilitar a manutenção financeira empresarial e tornar os sistemas de nível superior mais atraentes — “más sensibles a las necesidades del mercado laboral” — pela diversificação da oferta de formação acadêmica de terceiro grau. Propõe a criação de instituições não-universitárias (institutos politécnicos, profissionalizantes ou técnicos que fornecem ciclos curtos de habilitação e treinamento) nos moldes dos community colleges, institutos de estudos pós-secundários com oferta de dois anos de ensino acadêmico ou profissional. Papel preponderante nesse processo seria desempenhado, igualmente, pelos programas de ensino à distância.
CONCLUSÕES
As universidades vêm sendo expostas na mídia como a solução messiânica para pobres e excluídos conquistarem o direito de viver no paraíso. A idéia de conquistar um diploma superior nas universidades particulares está sendo vetada pelo seu alto custo operacional.
Existe uma massa descomunal de jovens egressos do ensino secundário que é eliminada todos os anos nos vestibulares. Será que os elaboradores do projeto “Universidade Nova” estão pensando justamente em direcionar esses cursos "interdisciplinares" para diplomar turmas de office boys / girls adequados para serviços secundários? Uma boa formação técnica (ou colegial) não capacitaria mão de obra qualificada para atuar nesses serviços de forma eficiente?
A solução do “bacharelado interdisciplinar” apresenta-se como um novo produto populista: o estudante não se forma em nada, não arruma emprego na profissão escolhida... mas ao menos é um sujeito de "nível superior". Cursos sem metas de capacitação definidas, concebidos para difundir uma formação periférica, não serão a panacéia para a tão alardeada “crise” do ensino superior. Não se pode confundir universidade com centro de treinamento e de adestramento rápido. Não podemos compactuar com os oportunistas de plantão, que tentam criar shopping centers, feiras e camelódromos de cursos, diplomas e certificados, aparentemente de nível superior.
Projetos como o da “Universidade Nova” não fazem mais do que utilizar as universidades públicas para oferecer atividades de ensino não-universitário com diplomação de ensino superior e trocar vagas por mais verbas ou financiamentos bancários. Sua rejeição se faz necessária.
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EQ – Escola de Química
EP – Escola Politécnica
EEFD – Escola de Educação Física e Desportos
IM – Instituto de Matemática
FF – Faculdade de Farmácia
FL – Faculdade de Letras
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[1] CAPES. Anais da Conferência Mundial do Ensino Superior, Paris, 8-9 out. 1998. In: Universidade e Sociedade, XVI (39), Fev. 2007, p.84
[2] http://olharvirtual.ufrj.br/2006/index.php?id_edicao=150
[3] http://generales.uprrp.edu/bachillerato/programa_baeg.html
[4] http://www.pucp.edu.pe/estudios_generales/letras/
http://www.qcc.edu/images/4114_spanish_gen_studies.pdf
http://www.puc.cl/dara/registro/estudios/estgrales.html
http://www.uned.ac.cr/sociales/programas/00.html
http://www.usb.ve/estudiar/pregrado.html
http://www.iupuc.edu/academics/programs/generalstudies.asp
http://www.uchile.cl/uchile.portal?_nfpb=true&_pageLabel=conUrl&url=6831
[5] GRUPO BANCO MUNDIAL. La Enseñanza Superior: las lecciones derivadas de la experiencia Washington: Banco Internacional de Reconstrucción y Fomento, 1995. 115 p. (El Desarrollo En La Práctica)
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