Mais uma vez o item REUNI provocou longos debates na reunião do Conselho Universitário(CONSUNI) desta Quinta-feira, dia 28 de junho, ocupando quase todo o tempo da reunião formal, e estendendo-se para depois das 15h por causa da longa lista de conselheiros inscritos para falar. Desta vez não houve presença maciça de estudantes, mas de funcionários, que lá estavam por outro motivo – encaminhamento de uma moção de apoio às suas reivindicações. Tampouco a ADUFRJ havia se manifestado, como tem sido usual ao final do expediente, nem havia ocorrido nenhum fato novo que provocasse tamanha polêmica. O item havia sido incluído na pauta para que se informasse ao Conselho os próximos passos após as sessões públicas da semana passada. O prof. Levi (Pro-Reitor de Desenvolvimento) informou que o relatório preparado pela Comissão seria encaminhado aos Centros e Unidades para ciência e ajustes. Além disso estariam previstas três grandes audiências públicas para que a comunidade universitária pudesse tomar conhecimento mais amplamente dos projetos. E então, em setembro, os projetos seriam enviados ao MEC.
Foram as intervenções da representante dos alunos de pós-graduação e de um dos representantes dos funcionários que iniciaram a discussão . Para a aluna, a apresentação de projetos deveria ter sido precedida pela decisão de aderir ou não ao REUNI, avaliando os pros e contras para a universidade. Segundo ela, antes de aumentar vagas, criar cursos, a universidade precisaria receber verbas para a construção de salas de aula, vagas para professores e técnicos, etc... Pois hoje em dia a situação já é precária, portanto não compreendia que antes de melhorar a infra-estrutura e contratar professores pudessem aumentar o corpo discente. O prof.Erickson(EP), embora concordando com as carências da Universidade, argumentou que mesmo assim havia mal aproveitamento dos seus recursos atuais, como é o caso das salas vazias à noite, defendendo a criação de um curso noturno de Engenharia. O prof. Alcino(CCJE) enfatizou a necessidade da Universidade atender os filhos das famílias mais necessitadas ao invés de contemplar, prioritariamente, aqueles com mais recursos financeiros. Além disso afirmou acreditar na necessidade de mudar o modelo da universidade, sair do marasmo em que nos encontramos. O prof. Vainer(IPPUR) afirmou sua oposição aos princípios filosóficos do REUNI e da Universidade Nova, defendendo que os projetos deveriam se concentrar nos eixos do aumento de vagas, interiorização e inclusão. Cabendo ao MEC o ônus de aceitá-los ou não. O prof. Luiz Antônio(FE) chamou a atenção para a manipulação dos slogans – aderir ou não ao REUNI, o que para ele já vem com uma conotação negativa que não ajuda a discussão. Lamentou que a Presidência da Comissão do PDE tenha orientado, desde o início, os trabalhos da comissão para a produção de projetos. Para ele teria sido melhor estabelecer alguns parâmetros de consenso, para então construir os projetos. O prof. Walter(CT) defendeu o aproveitamento dos recursos postos a disposição das IFES, lembrou que há muito tempo há editais como os da CAPES, da FINEP e do PROINFRA aos quais a UFRJ vem recorrendo. O funcionário Aguinaldo (representante) salientou que o REUNI era diferente dos demais editais porque em seus incisos traz reformulações de estrutura da universidade, aos quais se deve aderir ou então não receber as verbas. O prof. Aloisio (Reitor) lembrou aos presentes que o PDI, discutido no ano passado, coincide com muitas propostas do REUNI, embora admitisse que não foram assumidas pela Universidade.
Tendo se esgotado o prazo regulamentar da reunião, o Reitor propôs que se continuasse a discussão, respeitando-se a lista dos inscritos. Vários conselheiros fizeram suas ponderações, dentre eles o prof. Levi que listou as cifras consolidadas dos projetos. Segundo o pro-Reitor 50 milhões seriam destinados ao custeio, praticamente, zerando-se o deficit atual; 115 milhões seriam aplicados em investimentos diversos, como, por exemplo: 3 bandejões, 3 prédios com 60 salas de aula cada e 1 novo alojamento. Dado que a reunião formal já havia se encerrado, nada foi votado, ficando para a próxima reunião do Conselho as deliberações sobre os desdobramentos do REUNI na UFRJ.
Obviamente a importância que foi dada ao tema nessa reunião pela administração superior da Universidade é uma tentativa de cativar os segmentos que têm sido mais críticos ao processo de discussão e ao decreto propriamente dito. Parece improvável o ideal de se refundar a UFRJ nos termos da Universidade Nova, assim como a rejeição pura e simples do REUNI. Será possível um REUNI mínimo nos termos que o prof. Vainer colocou hoje ? Conseguirá a comunidade da UFRJ propor um modelo de renovação, ou recriação que fuja às diretrizes do Banco Mundial e consiga obter recursos do MEC ? A seguir nos próximos capítulos.
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